Por aqui, as coisas não têm estado fáceis. As lutas têm sido constantes e o diabo, astuto como sempre, sabe quais são os nosso pontos fracos.
Na semana passada vi uma casinha quase ao pé da nossa casa, que achei linda. Nem estava à venda, mas tinha aspecto de abandonada. E era linda, linda!
Antiga, com porta de entrada e portadas em madeira vermelha, pedras brancas na esquina e o melhor de tudo, um jardim à volta. Parecia saída de um conto de fadas!
Escusado será dizer que me apaixonei pela casa.
No Sábado, em conversa com o meu hubby, falei-lhe que apesar de a casa não estar à venda, gostaria de a comprar um dia, se tivéssemos condições para tal.
A resposta foi que não, de momento não seria possível, devido ao que teríamos de pagar até conseguirmos vender a nossa actual casa. E além disso, teríamos de pedir mais dinheiro ao banco, porque a tal casa linda e maravilhosa, precisa de um telhado novo e por dentro nem sei como estará.
É óbvio que fiquei triste. Mesmo muito triste. E trombuda.
Mas à noite, pensei que não era justo ele ter de levar com o meu mau humor por algo que não tinha culpa e que na hora certa, Deus ia abençoar-nos.
Ontem, Domingo, pimbas, mais uma "cacetada" directamente no coração.
Ultimamente, tenho pensado novamente em ter filhos.
Acho que finalmente o meu relógio biológico começou a despertar e além disso, se esperar muito mais, o risco será muito maior.
Já há uns tempos, orei a Deus e pedi-Lhe que se fosse realmente da vontade Dele que tivéssemos filhos, que tocasse também no coração do meu marido e lhe colocasse essa vontade.
O certo é que o tempo foi passando e nada. E eu já pensava: - Bolas, mas será que estou condenada a nunca ter nada de bom espontaneamente? Será que as bençãos nunca vão chegar?
O certo é que ontem à noite, já nem me lembro como, a conversa surgiu e eu perguntei-lhe o que achava de termos um filho, que já estava na hora e que andava a pensar muito nisso, ultimamente.
E a resposta que o meu mimo me deu, foi que também já tinha pensado nisso, mas que com o problema de saúde dele e com a correria do nosso dia-a-dia agora que nem temos filhos, não tinha cabeça para pensar em pôr uma criança no mundo.
Ai, caiu-me o coração ao chão.
Uma das piores coisas que pode acontecer a uma mulher, é querer ter um filho e não poder. Seja por que razão for.
Se a pessoa não os quer ter, aí nem se preocupa, mas quando quer... Custa muito.
Fiquei com lágrimas nos olhos e hoje de manhã, quando ia para o trabalho, só pensava nisso.
Achei tão injusta a minha vida...
Têm sido perdas de pessoas queridas e lutas tão grandes ultimamente, que só me dá vontade de desaparecer, às vezes.
Onde é que estão as bençãos de Deus? Eu não quero que sejamos conhecidos por ter esta ou aquela doença ou este ou aquele problema e sim, porque temos saúde e dinheiro e podemos ajudar os outros e temos um casamento e uma família feliz.
E além disso, eu não quero ser como certas pessoas, inclusive que conheci, que quando morrem deixam tudo aos sobrinhos porque não têm mais ninguém ou que quando são velhas, têm a família a lutar pela casa e pelo dinheiro até antes de partirem.
Sempre sonhei em ter uma família grande e unida: não tive e não tenho.
Sempre sonhei em ter pelo menos 2 filhos: não tenho.
Sempre sonhei em ser escritora ou arqueóloga: não sou.
Sempre sonhei em ser dona-de-casa: não sou.
Sempre sonhei em ajudar pessoas necessitadas ou animais abandonados: não posso.
Sempre sonhei em ter uma casa com quintal e poder ter um jardim cheio de flores lindas e árvores de fruto e uma horta: não tenho...
Sempre sonhei que o meu miminho teria um emprego bom e que gostasse: podia ser melhor.
Além disso, eu e o meu marido somos os que ganhamos menos dos nossos departamentos.
E vejo tanta gente com todas estas coisas sem precisarem de levantar um dedo... Tudo lhes é dado naturalmente...
Será que são mais mulheres de Deus que eu? Será que merecem mais do que eu? Será que eu sou assim tão pecadora, que não mereço que Deus me dê as coisas que eu peço e que anseio tanto?
Será que os anos passam e vão passando e a nossa vida vai ficar estagnada como agora?
A minha fé é que não. A minha fé é que a nossa vida ainda vai ser repleta de todas as coisas boas que AINDA não chegaram.
Eu sei que o meu marido também sofre, por ter de fazer tratamentos 3 vezes por semana e eu tento ajudá-lo e dar-lhe forças, mas a verdade, é que às vezes também é muito difícil para mim e nem para mim tenho forças.
Coincidência? Não. É a Mão do nosso Paizinho que nos ama tanto, mais uma vez a mostrar-nos o Seu amor e o que devemos fazer.
Obrigada, Pai Amado e Querido!
